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Centro Ciência Viva da Floresta em Proença-a-Nova organizou mais um Café de Ciência

A biodiversidade é fundamental para prevenir incêndios

A biodiversidade é um dos principais valores da paisagem portuguesa que, a ser valorizado, pode ser estruturante para diminuir o impacto dos incêndios florestais e para tornar atrativas as regiões do interior do país.
Esta foi uma das ideias transmitidas por Carlos Pinto Gomes, professor auxiliar com agregação do Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora, durante o Café de Ciência realizado esta sexta-feira, 26 de janeiro, no Centro Ciência Viva da Floresta com a temática ‘Recuperação Paisagista das Áreas Ardidas’.
“Cada vez mais assistimos a fogos com ciclos muito mais curtos e com maior impacto tanto na área ardida como nas consequências materiais e humanas”, afirma Carlos Ponto Gomes.
Há um ciclo vicioso, na sua opinião, entre as perdas económicas, o despovoamento e a desertificação causadas pelos incêndios.
“É com profunda tristeza e mágoa que todos nós, que calcorreamos este território, olhamos para a nossa paisagem e entristece-nos, deprime-nos. Com esta catástrofe, com esta infelicidade que tivemos, pode ser que comecemos a mudar”, constata o professor.
Na sua perspetiva, os efeitos provocados pelas monoculturas são nefastos no que respeita aos impactos no solo e na diminuição da biodiversidade.
“Confesso que estou mais preocupado com aquilo que não ardeu do que com aquilo que ardeu porque tem forte probabilidade de arder”, alertou.
A mudança, que não acontecerá de um ano para o outro, para ser profunda e com impacto no território tem que promover a biodiversidade natural do país e privilegiar as plantas e árvores que naturalmente se adaptam a cada região.
As florestas autóctones são mais resilientes ao fogo.
Na prática, será necessário, em primeiro lugar, conhecer o potencial vegetal de cada território, avaliar os valores naturais presentes e o estado de conservação, estudar as principais ameaças e os impactos esperados, identificar os objetivos específicos da conservação, os locais, as técnicas e a sua urgência.
“Estamos entre dois grandes macro bioclimas – e só existem cinco no mundo – entre o Mediterrâneo e o Temperado”, explicou Carlos Pinto Gomes.
“Proença-a-Nova é precisamente a grande divisão: a Sertã pertence ao mundo temperado, o potencial é o carvalhal, mas do lado de cá é o mundo mediterrâneo. Com base nos bioindicadores posso dizer que aqui nas Moitas o potencial é o sobreiral com zimbro. Mas se eu chegar à Sobreira Formosa sei que é o carvalhal negral e na Sertã é um carvalhal alvarinho”, continua.
Como o potencial deste território não está a ser concretizado, o que se verifica é que a paisagem arde porque não é resiliente, fruto da degradação a que é sujeita.
Para inverter a tendência e reforçar a aposta na biodiversidade será necessário tornar o cultivo de espécies como o carvalho, o sobreiro ou a azinheira mais atrativos, através de subvenções para a prestação de serviços.

Floresta

“Temos biogeodiversidade, então paguem-nos por isso por favor. Somos um país biodiverso mas não conseguimos vender esse produto. Portugal tem, com Espanha e as suas ilhas, cerca de 70% de biodiversidade de toda a Europa. Como é que vamos vender a biodiversidade? Se o interior tiver atrativos e começar a dar lucro, toda a gente preserva o meio ambiente. E vamos ter uma gestão do território melhor, vamos ter o regresso à ruralidade”, referiu o professor da Universidade de Évora.
“Se a biodiversidade der lucro nós abandonamos o uso atual”, concluiu.
 

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