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Sete anos depois o vazio é cada vez maior

Há exatamente sete anos, João Carlos Marcelo deixou-nos prematuramente.

O João Carlos foi um bom cidadão e deixou-nos a todos um grande exemplo de cidadania.
Foi dirigente associativo, ligado a diversas associações locais e regionais de carácter cultural e desportivo, e também ligadas á agricultura, á floresta e á defesa do ambiente.
A vida política do João Carlos Marcelo começou ainda no Liceu, então simpatizante do MRPP, prolongando-se na Faculdade de Direito de Lisboa.
Filiou-se no Partido Socialista a 21 de Abril de 1986!
Esteve sempre na frente do combate político do PS, quer a nível nacional, quer fundamentalmente a nível regional. Pertenceu a diversas estruturas concelhias, distritais e nacionais. Nos últimos anos desempenhava as funções de Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista, para além de ser membro da Comissão Nacional do PS.
Era membro eleito da Assembleia Municipal de Castelo Branco. E era-o com um grande orgulho. O orgulho que lhe vinha do facto de ter tido a honra de ser eleito pelo povo.
Amante da sua Pátria e de todas as pequenas Pátrias que construiu dentro dela: a sua região, o seu Concelho, a sua Partida.
O João era um homem público. Era um homem que dava nas vistas, que muitas vezes tinha o coração ao pé da boca, era um homem de causas, era seguramente um homem livre!

Mas para além disto tudo, o João Carlos tinha um outro lado. Porventura o menos conhecido.
Era um SER HUMANO extraordinário!
Adorava uma boa pescaria! Não perdia a oportunidade de uma boa experiência gastronómica!
Gostava de Teatro, Cinema e deleitava-se com um bom trecho musical. Adorava Jacques Brel e em particular a canção “Ne Me Quitte Pas”.
Era um grande apreciador de pintura e escultura. Amador nesse seu gosto, apreciava em especial, obras dedicadas aos mártires e livres-pensadores, grandes vultos da História da Humanidade que deram a vida pelas ideias ou foram condenados á fogueira do Santo Ofício, só porque pensavam diferente.
O João Carlos era pedagogo, por natureza em todas as facetas da sua vida, encorajador nato: disséssemos «nunca fiz», responderia «o caminho faz-se caminhando». De forma inequívoca, encorajadora, argumentativa se necessário. Professor por vocação e por exemplo.
O João Carlos era um apaixonado. Apaixonado pelas causas. Apaixonado pela justiça. Apaixonado pelas pessoas. Apaixonado pela vida!
O João Carlos olhava ao seu redor e via um mundo injusto. E lutava contra esse mundo injusto. Á sua maneira, qual Cavaleiro Andante. Ele tinha, aliás, uma especial predilecção pela figura e pelo mito de D. Quixote.
“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade”, Assim falava D. Quixote.
O João Carlos queria que sonhássemos juntos. E alguns de nós sonhámos!
O João Carlos era um homem com projectos a realizar. E só um homem com projectos é que consegue captar que a realidade é sempre muito maior do que se vê. Depende do sentido que a vida tiver. E só o homem com projectos é capaz de descobrir e actualizar o sentido e significado da vida.
Foi uma vida inteira entregue aos seus, uma vida inteira doada ao exercício da cidadania e do bem comum. Nós somos testemunhas dessa entrega.

João Carlos Marcelo

Temos saudades do vulcão de generosidade que lhe ia dentro e que às vezes lhe sobrava em palavras.
Somos também testemunhas do entusiasmo e paixão com que o João Carlos se entregou a algumas causas de serviço à comunidade ou outras convicções. E mesmo quando um ou outros, estivemos do outro lado. Do outro lado das causas, porque ele nunca esteve contra as pessoas e muito menos contra os amigos.
Nós somos testemunhas desse João Carlos.
Estivemos com ele.
Eu por mim, continuo e continuarei  a estar sempre. Estarei de forma grata pelo que foi, pelo que representou e continua para mim, pela admiração e amizade que lhe tinha e continuo a ter, amo após ano..
Se não deixarmos que se apague essa luz que ele foi para cada um de nós, então havemos de merecer ainda mais aquilo que nos deixou. Por mim continuo ano, após ano, a alimentar essa luz, mesmo quando possa não parecer.
Muitas vezes, nas despedidas, gastamos algumas palavras. Tento todos os anos, renovar essas mesmas palavras até á exaustão pela verdade dos sentimentos que transmitem.
 
Haverá sempre moinhos e gigantes, por isso o mundo continuará a precisar de cavaleiros andantes.
Até sempre João Carlos

*José Lagiosa, diretor do beiranews.pt

 
 
 

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