O Teatro das Beiras continua em digressão com a peça “Do princípio ao fim”
Depois da estreia em finais de junho e de apresentações em várias localidades durante o mês de julho, a peça “Do princípio ao fim” continua em digressão por várias localidades do concelho da Covilhã e por outras regiões do País.
Depois de ontem, 2 de agosto, ter estado na Aldeia do Souto, seguem-se apresentações na Boidobra, amanhã 4 de agosto, Erada no dia 6, Teixoso a 10 de agosto, Manteigas a 11, Termas de Monfortinho, no dia 13 de agosto, Unhais da Serra, 17 de agosto, Orjais a 18 de agosto, Barco a 21 de agosto, Vila do Carvalho no dia 22 de agosto, S. Jorge da Beira a 24 de agosto, Coêdo – Vila Real a 26 de agosto e finalmente Coutada a 30 de agosto.
As apresentações no concelho da Covilhã contam com o apoio da Câmara Municipal da Covilhã e são realizadas em parceria com as Juntas de Freguesia.
O espetáculo “Do princípio ao fim” é construído a partir da revisitação ao acervo dramatúrgico de Eduardo De Filippo, e está estruturado num guião que aborda os géneros comuns ao teatro musical e dramático de grande expressão popular nos teatros de bairro e cafés-teatro na Europa do pós-guerra.
“Do princípio ao fim” comporta uma identidade sustentada na história das artes de palco e propõe ao mesmo tempo uma leitura contemporânea e atualizada de uma dramaturgia que se inspira num teatro eminentemente social, de humor desconcertante, às vezes trágico e grotesco, estimulando o sentido crítico, insinuando uma mistura de desencanto e simultaneamente de esperança e expectativa na humanidade, capaz de impulsionar o homem a resistir às adversidades e continuar lutando pelos valores de dignidade que são lhe devidos.
Uma companhia de atores caídos em desgraça esperam ansiosamente “uma ajudazinha” das autoridades locais, por forma de suster o eminente e trágico fim que se anuncia.
Fazendo jus às suas multidisciplinares capacidades artísticas, organizam uma récita onde se sucedem números musicais, folhetins radiofónicos, cinematógrafo e, claro, o drama a farsa e a comédia trágica de um quotidiano vivido nos limites do surreal, ainda que estimulante apesar de tudo.
Na farsa “Perigosamente” bem ao estilo do popular teatro de bonecos, o habitual bastão com que se castigam as impertinências domésticas é substituído por um revólver que sistematicamente falha o alvo por milagre ou por manifesta falta de pontaria.
No entanto esta estranha e absurda ação é uma mezinha certeira para a harmonia conjugal…
No drama num ato que tem por título “Amizade”, um amigo visita um outro amigo que padece de uma enfermidade mental.
Este, no seu delírio e não reconhecendo o velho amigo que de muito longe o veio visitar, e que muito se esforçou para satisfazer os últimos desejos do moribundo, acaba por confessar as infidelidades cometidas ao longo de anos de uma extravagante relação de amizade.
Refira-se que Eduardo De Filippo (1900-1984), protagonizou um importante contributo na edificação da dramaturgia europeia do século XX.
Foi um notável ator, dramaturgo e não menos importante diretor teatral que magistralmente encenou as suas próprias obras.
Atento e sensível, testemunhou todas as contradições de carácter social e artístico, ocorridas no seu tempo, e acompanhou de forma participada o advento da massificação dos meios de comunicação implantados no século XX, a rádio, o cinematógrafo e a televisão.
Para todos eles produziu textos teatrais e guiões, além da sua presença como ator e diretor.