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Livro de jornalista israelita que revela segredos da Mossad lançado em Portugal

O livro do jornalista israelita Ronen Bergman sobre os serviços secretos de Telavive é um dos raros exemplos em que uma longa investigação em Israel revela segredos com mais de 50 anos, enfrentando pressões políticas diretas e a censura militar.
“Ergue-te e Mata Primeiro – A História Secreta dos Assassínios Seletivos de Israel”, de Ronen Bergman, jornalista do diário israelita Yedioth Ahronoth e da New York Times Magazine, vai ser lançado na sexta-feira em Portugal.
A obra revela detalhes e pormenores novos, citando fontes diretas e documentos, sobre a formação e percurso da Mossad e das operações clandestinas que determinaram o “assassínio seletivo” dos “inimigos” do país fundado em 1948.
O título do livro é inspirado no lema dos serviços secretos israelitas: “se alguém vier matar-te ergue-te e mata-o primeiro”, do “Talmude da Babilónia” (“Tratado de Sanhedrin”, Fragmento 72, Versículo 1).
“Desde a Segunda Guerra Mundial, Israel assassinou mais pessoas do que qualquer outro país do mundo ocidental. Em inúmeras ocasiões, os seus líderes pesaram qual seria a melhor forma de defender a sua segurança nacional e, entre todas as opções, decidiram levar a cabo operações clandestinas, tendo como método de eleição o assassínio”, escreve o autor da investigação em que conta ter enfrentado obstáculos para impedirem a publicação da obra.
O livro trata sobretudo dos assassínios e homicídios seletivos levados a cabo pela Mossad e por outros ‘braços’ do Governo israelita (Forças de Defesa de Israel; Shin Bet ou Cesareia), tanto em tempo de paz como de guerra – bem como – pelas milícias clandestinas do período anterior ao Estado, organizações que viriam a formar o Exército e os serviços secretos do Estado depois da fundação em 1948 e mesmo durante o período anterior que corresponde ao Mandato Britânico.
“Em muitos casos, os líderes de Israel decidiram mesmo que, para matar o alvo escolhido, é moral e legítimo pôr em risco as vidas de civis inocentes que possam vir a encontrar-se na linha de tiro. Causar danos a essas pessoas, acreditam, é um mal necessário”, escreve Bergman.

“A dependência de Israel do homicídio como instrumento militar não ocorreu por acaso: pelo contrário, provém das raízes revolucionárias e ativistas do movimento sionista, do trauma do Holocausto e do sentimento, entre os líderes e cidadãos de Israel, de que o país e o povo correm o risco perpétuo de aniquilação e, tal como no Holocausto, ninguém virá socorrer as pessoas, quando isso acontecer”, refere o autor.
Além das questões legais, consequências políticas internas e externas e, sobretudo, os aspetos relacionados com a “tomada de decisões” o livro revela factos novos sobre operações que decorreram nas últimas décadas e que levaram, por exemplo, os serviços secretos a estabelecer contactos diretos com um antigo oficial de alta patente da Alemanha nazi para neutralizar o plano de mísseis do Egito (1962) e acrescenta novos dados sobre as operações secretas de organizações armadas palestinianas e que são transversais aos vários governos do país.
O papel dos serviços secretos é detalhado nos períodos “em que a história mudou” na região: Guerra dos Seis Dias (1967), resposta de Telavive ao atentado de Munique (1972), Yom Kipur (1973), invasão do Líbano (1982) – em que o autor se refere a várias iniciativas militares inconstitucionais protagonizadas por Ariel Sharon – e os inúmeros planos contra líderes palestinianos, principalmente contra Yasser Arafat.
Segundo o autor, nem todos os homicídios foram praticados por grupos pequenos e fechados porque, escreve, “quanto mais complexos se foram tornando, mais pessoas participaram” – por vezes até algumas centenas, na maioria pessoas com menos de 25 anos de idade.
“Por vezes esses jovens irão, com os seus comandantes encontrar-se com o primeiro-ministro – o único autorizado a dar luz verde para um assassínio – para explicarem a operação e obterem a aprovação final. Essas reuniões são provavelmente um exclusivo de Israel. Alguns dos agentes de baixa patente envolvidos nas reuniões acabaram, com o passar dos anos, por se tornarem líderes nacionais e até chefes de governo”, escreve Ronen Bergman que prolonga a investigação até à atualidade.
“Durante a Segunda Intifada (2000), Israel levou a cabo mais de 1000 operações, tendo 168 delas sido bem-sucedidas. De então para cá, e até ao momento em que este livro foi escrito (2018), Israel executou mais de 800 operações de assassínio seletivo, sendo que quase todas elas se se inseriram nas ofensivas de guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza, em 2008, 2012 ou 2014, ou em operações da Mossad, em todo o Médio Oriente, contra alvos palestinianos, sírios e iranianos”, indica o jornalista.
“Ergue-te e Mata Primeiro” de Ronen Bergman (Temas e Debates/Círculo de Leitores, 752 páginas, incluiu fotografias e foi traduzido por Artur Lopes Cardoso.
*Lusa / Foto: OLIVER WEIKEN

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