O júri do Prémio Literário Arnaldo França elegeu Olavo Delgado Correia como vencedor da primeira edição, pela obra Beato Sabino.
O anúncio decorreu ontem, 26 de outubro, durante a sessão de boas-vindas da Morabeza — Festa do Livro de Cabo Verde, no Mindelo.
O júri reuniu no passado dia 16 de outubro e decidiu o vencedor por unanimidade entre as 13 obras concorrentes: “Beato Sabino foi distinguido por ser um trabalho inédito e de grande qualidade, com um enredo peculiar e uma linguagem clara e bem conseguida”, justificou Vera Duarte, presidente do júri.
Olavo Delgado Correia, que concorreu sob o pseudónimo Neto Rocha Dias, nasceu em 1967 e é natural da Praia (ilha de Santiago).
Composto ainda por Daniel Medina e Paula Mendes, o júri atribuiu uma menção honrosa a Onestaldo Ferreira Fontes, que concorreu sob o pseudónimo de Ivan Faruk com a obra O Sonho de Ícaro, “pela originalidade com que trata os temas da emigração e da traição e pela mestria na condução escrita do romance.”
Sobre o prémio
O Prémio Literário Arnaldo França é uma iniciativa conjunta da INCV e da INCM, cujo objetivo é incentivar o talento literário em Cabo Verde.
Destinado a todos os cidadãos cabo-verdianos e a residentes no arquipélago há mais de cinco anos, premeia o vencedor com um valor pecuniário de 5.000 euros e a publicação da obra nos dois países.
O prémio celebra a vida e percurso de Arnaldo França (1925-2015), poeta, ensaísta, académico, crítico, estudioso, estadista e historiador da literatura cabo-verdiana.
O autor de, entre muitas outras obras,Notas sobre Poesia e Ficção Cabo-Verdianas, foi condecorado com a Medalha da Ordem do Dragoeiro de 1.ª classe em 2010.
Declarações de Miguel Semedo, presidente da INCV
Nas palavras de Miguel Semedo, “o prémio literário Arnaldo França surge no quadro de uma parceria entre a Imprensa Nacional de Cabo Verde (INCV) e sua congénere portuguesa, a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), com vista a a render preito à literatura nacional, promover os escritores cabo-verdianos e, concomitantemente, contribuir para a elevação da língua portuguesa. Por outro lado, com este prémio, pretende-se prestar um merecido tributo ao homem, cidadão e escritor Arnaldo França. Trata-se de um reconhecimento singelo, mas recheado de simbolismo, da vida e obra do referido escritor. Esperamos ademais que este prémio sirva para aproximar uma das instituições mais antigas do país dos cidadãos.”
Declarações de Duarte Azinheira, diretor da unidade de publicações da INCM
Duarte Azinheira reforçou a estreita ligação entre as duas instituições e a sua missão de promover a literatura de língua portuguesa, especialmente a cabo-verdiana: “O Prémio Arnaldo França, criado em parceria com a Imprensa Nacional de Cabo Verde, tem por missão promover a língua portuguesa e, simultaneamente, ajudar a criar condições para que mais talentos literários possam surgir em Cabo Verde. A promoção da língua é um desígnio estratégico para a Imprensa Nacional-Casa da Moeda que se concretiza, principalmente, no seu plano de edições de serviço público e nos vários prémios literários que apoia. É uma felicidade que o Prémio Arnaldo França se inicie no ano em que Imprensa Nacional de Portugal comemora 250 anos de atividade contínua. Não imagino lugar melhor para apresentar esta prémio que a Morabeza, uma maravilhosa festa literária!”