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Castelo Branco recebeu Palestra promovida pela Real Associação da Beira Interior

A Real Associação da Beira Interior organizou uma palestra no dia 24 de Novembro, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco com apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco.
O tema do evento foi – “Os Tavares de Almeida Proença: Política e Notoriedade Social no Portugal do Século XIX”, o orador convidado foi o professor e historiador Nuno Pousinho.
Na Mesa esteve o orador, um representante da Sociedade do Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior – Hermann Sheufler e um representante da Real Associação da Beira Interior – Luís Duque-Vieira.
O orador começou por realçar a importância da família Tavares Proença na História política e social da Beira Baixa, onde se destacam duas personagens, pai e filho, exatamente com o mesmo nome, Francisco Tavares de Almeida Proença (1792-1872) e Francisco Tavares de Almeida Proença (1853-1932).
O primeiro, natural do Tortosendo, casou com a filha de um grande negociante albicastrense, Joaquim José Mendes Fevereiro.
Com o matrimónio, Francisco Tavares de Almeida Proença (pai) herdou uma avultada fortuna, tendo ele próprio origens com pergaminhos e a quem se augurava uma prometedora carreira política.
Na realidade, Francisco Tavares de Almeida Proença alinhará com o cartismo moderado nos anos de 1820, sendo adepto da Carta Constitucional de 1826.
Após a guerra civil de 1832/34 continuará na companhia do liberalismo mais moderado.
Foi eleito deputado, pela Beira Baixa, em 1834 e Senador em 1838, de acordo com a Constituição deste ano.
Após o regresso da Carta Constitucional de 1826, com o golpe de Costa Cabral no Porto em 1842, alinhará com as posições de Rodrigo da Fonseca Magalhães, mantendo-se dentro do cartismo moderado.
É nesta condição que acabará por ser nomeado para a câmara dos Pares em 1842, indicado por Rodrigo e não por Costa Cabral, como alguns autores escrevem.
Tavares Proença (pai) ocupará nesta fase da política nacional o cargo de ministro do Reino entre abril e agosto de 1847, durante a guerra civil da Patuleia.
Nos anos de 1830 e 1840 estabeleceu uma grande teia de influências na Beira Baixa e nos corredores do poder na capital, entendendo-se perfeitamente com o outro vulto político local, João José Vaz Preto Geraldes.
Esta concórdia termina com a Regeneração de 1851.
Após o golpe de Saldanha, Tavares Proença será aliado político do liberalismo mais conservador, da linha do conde de Ávila e não do Partido Histórico, como por vezes se afirma.
Adepto da pureza da Carta Constitucional, opôs-se à reforma da mesma em 1852, sendo ainda contra o alargamento do corpo eleitoral.
Pelo contrário, João José Vaz Preto Geraldes acompanhou a dissidência histórica, colocando-se do lado esquerdo da câmara dos deputados, iniciando-se aqui a grande rivalidade política entre as duas famílias.
Tavares Proença (pai) manteve-se fiel ao avilismo até ao fim da vida, retirando-se para Castelo Branco desde meados da década de 1850, fazendo poucas aparições na câmara dos Pares, onde tinha lugar vitalício.
Francisco Tavares de Almeida Proença (filho) herdou parte da fortuna familiar e o seu passado político.
O seu grande objetivo era tornar-se um influente local independente dos partidos, mas tem um rival de peso, Manuel Vaz Preto Geraldes.
Para o combater tentou aproveitar-se das divergências deste com Fontes Pereira de Melo.
Na realidade nas eleições de 1878 e 1881 Tavares Proença foi o homem de mão de Fontes e dos Regeneradores no distrito de Castelo Branco.
Porém, com a reaproximação de Manuel Vaz aos regeneradores, Tavares Proença aderiu ao Partido Progressista, mais como uma forma de ter apoios consideráveis em Lisboa do que por convicção.
Recusou sempre ser deputado e só aceitou o Pariato em 1905, após insistência do próprio rei D. Carlos.
A sua relação com os progressistas foi sempre conflituosa, teve mesmo que aceitar a contragosto uma coligação com Manuel Vaz Preto quando este se aproximou dos progressistas.
No entanto, Tavares Proença também tinha os seus trunfos políticos e fez alianças com a nova estrela em ascensão que era João Franco.
Acreditou no franquismo e viu nesta linha política uma verdadeira lufada de ar fresco capaz de renovar a Monarquia.
Após o regicídio de 1908 Tavares Proença ficou sem alento e não acreditava que as forças dinásticas conseguissem salvar o trono.
Tavares Proença tinha uma grande notoriedade social, era recebido com frequência em Vila Viçosa e em Mafra, tendo relações de proximidade com a família real.
Em 1906 os príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel foram recebidos e pernoitaram no seu palacete da rua de S. Sebastião, para além de ter contactos relações de amizade e familiares no seio da casa real.
Foi amigo do conde de Arnoso, secretário do rei D. Carlos, do coronel Malaquias de Lemos, ajudante de campo do mesmo rei e era tio do secretário do rei D. Manuel II, marquês de Lavradio.
Concluindo a sua intervenção o orador referiu-se à memória que se vai perdendo desta família, tendo ela ligada apenas ao Museu Tavares Proença Júnior, filho de Tavares Proença (filho).
Salientou que as comunidades locais deveriam preservar a memória histórica das suas localidades, algo que infelizmente os poderes públicos não mostram qualquer interesse e desprezam a História e a cultua como uma das componentes do desenvolvimento regional.
 

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