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Reinventar o Interior de uma vez por todas…

Em finais de 1993 tomei, conjuntamente com a minha mulher, a decisão de abandonar Lisboa e vir assentar arraiais nesta cidade de Castelo Branco.
Fi-lo por duas razões essenciais: a primeira para poder oferecer, á nossa filha Joana, uma oportunidade de crescer num ambiente muito mais saudável e seguro e em segundo lugar porque ainda acreditava que era fácil inverter a tendência de desertificação e desinvestimento que já se sentia por estas bandas.
Estava longe de imaginar que essa desertificação viesse a ser tão acentuada e fundamentalmente que progredisse tão rapidamente.

José Lagiosa

E é assim que nos encontramos em dezembro de 2018, com elevados níveis de abandono das nossas aldeias com cada vez menos habitantes por metro quadrado, que implica, nesta batalha do Governo de racionalizar os meios e torná-los mais eficazes.
Os fechos de escolas, a concentração das estruturas públicas regionais, a optimização das urgências com encerramento de umas e criação de outras, o fecho de alguns tribunais e inevitavelmente, num futuro mais ou menos próximo, a extinção de freguesias e concelhos, foram estancados mas as soluções alternativas não aparecem, mesmo quando os governantes falam, falam, mas não fazem nada…
Quer isto dizer que o Estado abandona de vez o Interior? Ou que não há futuro para o Interior, seja aqui na Beira, no Alentejo ou no Planalto Transmontano?
Penso que não. Nem uma coisa nem outra!
O que acho verdadeiramente é que os beirões, os alentejanos e os transmontanos não podem ficar quedos e mudos à espera que o Estado lhes aponte caminhos porque isso não irá certamente acontecer.
E não vai acontecer porque ninguém tem uma solução milagrosa para inverter o actual estado de coisas e estas coisas não se fazem por decretos.
É pois necessário, que sejam as gentes do Interior a pensar as suas próprias regiões, cidades, vilas e aldeias, ao invés de esperar sentados, uma solução milagrosa, pois essa nunca aparecerá!
Pensar como reinventar o Interior. Em conjunto! Em rede como agora se diz! Fazendo experiências! Inovando! Criando emprego! Motivando as pessoas a virem e a ficar!
É um trabalho árduo e difícil. Tão difícil quanto difícil é fazer algo que desconhecemos. Mas é essa característica do desconhecimento que torna a tarefa ao mesmo tempo tão aliciante.
Esta tarefa não pode ser só do sector político das sociedades regionais. Tem obrigatoriamente de contar com o empenhamento do maior número possível de pessoas.
Empresários, professores, políticos, juventude, intelectuais, trabalhadores, donas de casa e todos aqueles que sintam que vale a pena viver aqui, criar raízes neste Interior tão abandonado, mas ao mesmo tempo tão sedutor.
O meu contributo comecei a dá-lo há vinte e quatro anos atrás, quando decidi vir com armas e bagagens de Lisboa para cá. Por aqui tenho andado, participando nos desafios que a vida me tem colocado á frente, com a certeza que contabilizando os prós e os contras o saldo é seguramente positivo.
Falta agora o trabalho de, pensar para reinventar o Interior, assegurando-lhe um futuro pródigo em acontecimentos e desenvolvimentos felizes!
Esta minha crónica pretende ser um reforço de um eventual ponto de partida para essa reflexão necessária, importante, mas que tem ao mesmo tempo que ser imaginativa. Vamos a isto!
Fiquem bem e tenham vontade de viver no Interior!

*José Lagiosa, diretor do beiranews.pt

 

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