“OS 128 ANOS DA LINHA DA BEIRA BAIXA”
A candidatura do Bloco de Esquerda realizou ontem, dia 19 de Setembro, uma viagem na Linha da Beira Baixa, no troço Castelo Branco – Covilhã, para denunciar os atrasos nas obras na Linha (troço Covilhã – Guarda) como algumas formas de funcionamento.
A Linha da Beira Baixa (LBB), a última grande linha férrea a ser construída nos finais do séc. XIX, teve ao longo da sua existência um conjunto de vicissitudes.
Na década de 60 do século XX, a linha atingiu um estado de degradação tal, que chegou a ser aventada a hipótese do seu encerramento.
Aquando da construção da barragem do Fratel, chegou a ser equacionada a rectificação do seu traçado, de modo a eliminar a sua parte mais crítica em termos de segurança, o percurso ao longo da margem do rio Tejo até às imediações de Abrantes.
Foi no entanto reconhecida a sua importância, como linha estratégica, e acabou por se proceder à sua electrificação, já no século XX, em todo o seu traçado até à Covilhã.
Enquanto isto, o percurso da Covilhã até à Guarda foi encerrado permanecendo assim quase uma década.
O governo do Partido Socialista comprometeu-se a reabrir este trajecto, obra que foi inscrita no âmbito do programa 2020 para a ferrovia.
O mesmo programa previa a renovação integral do traçado em causa, o que equivale referir, a substituição dos carris, a substituição das pontes ainda não renovadas e a respectiva electrificação.
Esta intervenção em curso, cujo prazo de conclusão estava previsto para o mês de Setembro de 2019, não foi devidamente calculado, e em função do teor das mesmas obras em curso, só deverão estar concluídas no final do 1º semestre de 2020, na melhor das hipóteses.
Esta intervenção, não previu qualquer correcção do traçado, mantendo-se desta forma o traçado integral levado a cabo no século XIX.
No entender do Bloco, esta foi uma oportunidade perdida, que não obstante os condicionamentos orográficos da linha, teria sido possível ter eliminado algumas curvas, sobretudo nos trajectos de Covilhã a Caria e de Belmonte até ao Barracão/Sabugal.
Este aspecto vai condicionar fortemente as velocidades que passarão a ser praticadas, que na maioria do trajecto, não poderá praticar velocidades superiores a 90/100 kms/h.
Tendo em conta que esta linha vai servir para o transporte de comboios de mercadorias, cujos comprimentos das composições estão estimados nos 600 metros, preocupa-nos sobretudo o trajecto ao longo do rio Tejo, que apresenta características orográficas muito particulares, que determinam à partida a consolidação dos respectivos taludes / barreiras.
Estes melhoramentos, que não estão para já previstos no âmbito das obras em curso, terão que ser tidos em conta no mais curto espaço de tempo.
O Bloco propõe para este troço da linha, que nos casos mais críticos, se procedesse à construção de túneis cegos, estruturas com palas de coberturas e suportados por colunas com espaços abertos para o lado do rio, de modo a que os possíveis deslizes de terrenos não pusessem em causa a integridade da linha.
Concluídas as obras em curso, no trajecto até à Guarda, importa questionar como vai ser a exploração da linha.
Não faz qualquer sentido que continue a manter-se a separação entre as linhas da Beira Alta e Beira Baixa.
É urgente, que se pense numa exploração integrada, à semelhança do que já existiu em diversas ocasiões, ou seja, privilegiar as ligações ao norte do país, a partir da Beira Interior, do eixo Covilhã/Fundão.
Em termos de operacionalidade, faz todo o sentido que o serviço Intercidades, IC, passe a ter uma filosofia de exploração diferente, ou seja, que o 1º comboio IC que agora sai da Guarda para Lisboa, o passe a fazer a partir da Covilhã, via Guarda, Beira Alta, de modo a privilegiar as ligações a Coimbra e região norte do país.

Tal não impede que num futuro a médio prazo, e logo que a disponibilidade de material circulante o permita, sejam pensadas ligações directas ao Porto a partir da Covilhã, sobretudo nos fins-de-semana nos períodos lectivos.
No âmbito do serviço regional, faz todo o sentido que o eixo Vilar Formoso – Guarda, passe a ser estendido à Covilhã, Fundão e Castelo Branco, retomando práticas anteriores já existentes na região.
Também a médio prazo, devem ser encetados contactos com a Renfe e Adif espanholas, no sentido de se estudar a possibilidade de efectuar ligações pendulares entre esta região e a cidade de Salamanca.
A nível regional, devem ser potenciados os ramais ferroviários já existentes na LBB, nomeadamente Fundão, Benquerenças e Ródão, no sentido de se estimular o transporte de mercadorias via caminho-de-ferro.
Deve ser estudada a possibilidade de uma ligação ferroviária ao parque industrial do Tortosendo.
O BE exige junto do Governo, que sejam encetados estudos a realizar conjuntamente com Espanha, no sentido de se fomentar o transporte de mercadorias a partir de Vilar Formoso, utilizando para o efeito o modo ferroviário.
Face às características da linha da Beira Baixa, enquadrada numa zona de paisagem inqualificável, e a sua proximidade ao Tejo Internacional, sejam pensados a realização de comboios turísticos, sobretudo vocacionados para o turismo sazonal tão forte e diversificado em toda a região servida pela linha da Beira Baixa.”