APRESENTA NESSE CONTEXTO O SEU LIVRO CÂNTICO DOS CÂNTICOS EM FORMATO LIVRO E NO ORIGINAL FORMATO LIVRO/GARRAFA
O XXII Encuentro de Poetas Ibero-americanos, contará este ano, como poeta convidado, com a presença do poeta português Gonçalo Salvado, autor de uma vasta obra de poesia que conta já com 14 títulos e galardoado em 2013 com o Prémio Sophia de Melo Breyner da União de Escritores Brasileiros do Rio de Janeiro.
O Encontro decorrerá de 14 a 17 de Outubro de 2019, organizado pela Fundación Salamanca Ciudad de Cultura y Saberes sob a direção do poeta peruano espanhol Alfredo Pérez de Alencart, Professor da Universidade de Salamanca.
No quadro do Congresso e integrado na sua programação será apresentado, a 16 de Outubro, pelas 17h, na Aula A 24 da Faculdade de Filologia da Universidade de Salamanca, o livro de poesia Cântico dos Cânticos de Gonçalo Salvado, longo poema inspirado no célebre livro bíblico do amor, em dois formatos: formato livro e no novo original formato livro/garrafa ( 1ª e 2ª edição respetivamente) que terá neste evento a sua estreia.
A sessão de apresentação que recebeu o título “Gonçalo Salvado Y su Cântico dos Cânticos” estará a cargo de Pedro Serra, Catedrático responsável pela Área de Filologia Galega e Portuguesa do Departamento de Filologia Moderna da Universidade de Salamanca e contará com leituras de excertos do poema por Gonçalo Salvado.
A nova edição em formato de livro/garrafa e em versão bilingue (Português/Italiano) é ilustrada com desenhos do escultor Francisco Simões e prefaciada pelo ensaísta e crítico de poesia Fernando Guimarães, contando ainda com um texto de abertura de Maria João Fernandes.
O design gráfico é de Mariana Almeida.
A tradução para o Italiano é da poetisa e tradutora italiana Stefania Di Leo (poema) e de Anna Antonini (restantes textos).
A obra tem as chancelas de A 23 Edições em parceria com Quinta dos Termos.
De notar que a primeira edição deste livro de Gonçalo Salvado (que será apresentada na mesma sessão em simultâneo com a nova edição) foi ilustrada pelo escultor João Cutileiro e consistiu numa edição bilingue: Português/Hebraico, com chancela da RVJ editores, tendo sido apoiada pela Câmara Municipal de Castelo Branco.
O seu lançamento, que ocorreu em 2017, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, foi acompanhado por uma exposição bibliográfica sobre o Cântico dos Cânticos, a primeira realizada em Portugal e no Brasil, constituída por mais de uma centena de obras pertencentes à vasta colecção privada de Gonçalo Salvado sobre esta temática, grande influência da poesia deste autor.
Esta mesma exposição estará patente, em Lisboa, na Biblioteca Nacional de Portugal, em 2020, numa das principais salas daquela instituição, espaço que permitirá reconstituir a atmosfera e recriar o imaginário do célebre poema bíblico do amor e onde, a par da exposição bibliográfica, haverá uma vertente iconográfica reunindo algumas imagens mais emblemáticas que lhe foram dedicadas em Portugal.
Está ainda previsto nesse contexto um ciclo de conferências e um colóquio sobre O Cântico dos Cânticos.
Esta nova edição de Cântico dos Cânticos de Gonçalo Salvado em formato livro/garrafa é de grande inedetismo visto ser a primeira vez, em todo o mundo, que o Cântico dos Cânticos, ou neste caso, um poema nele inspirado, se associa ao vinho de maneira tão concreta, e com toda a pertinência, visto ser o Cântico dos Cânticos bíblico um dos poemas universais que mais menciona a figura do vinho, utilizando-a oito vezes como metáfora de eleição.
Lembremos ainda que o vinho num contexto amoroso é por sua vez o tema da primeira antologia de poemas de Gonçalo Salvado, ilustrada com desenhos do escultor José Rodrigues, publicada por esta mesma editora e com o mesmo formato (2017) em homenagem ao Rubayat do poeta persa do séc. XI Omar Kayyam, obra cume da poesia universal que, a par do Cântico dos Cânticos, mais referencia e enaltece o vinho.
Esta antologia de Gonçalo Salvado constituiu-se na altura o primeiro livro/garrafa editado em Portugal.
No prefácio à nova edição (em formato livro/garrafa) de Cântico dos Cânticos escreve Fernando Guimarães:
“João de Deus considerou que a Bíblia era “o livro de aliança e de amor”.
Aí se encontra o Cântico dos Cânticos que é atribuído a Salomão. Ele tem sido evocado, traduzido, parafraseado, por vários escritores e poetas ao longo do tempo. Gonçalo Salvado também se aproxima desta obra que se tornou quase mítica; daí o modo como, através da sua própria linguagem, nos remete para o imaginário bíblico. (…)
O poema de Gonçalo Salvado, se não se fixa, como é óbvio, no sentido literal das palavras, também diverge daquele sentido messiânico (…). Mas há, sim, um sentido figurado que assenta sobretudo no recurso a imagens, a metáforas e ao que se poderia admitir como uma extensão temática que se concentra numa visão sempre marcada pelo erotismo, pela paixão amorosa.
Daí as referências na poesia de Gonçalo Salvado dirigidas ao corpo, aos seus gestos, à nudez. O poema constitui-se através de um traçado metafórico que se vai centrar, sobretudo, na imagem da mulher vista com um espelho da natureza.(…)
Podemos dizer que nesta obra há a intenção de se apresentar como um reencontro com o tradicional Cântico dos Cânticos ou a poesia oriental tal como a conhecemos desde os gazéis de Hafiz aos poemas “arabigoandaluces” que, aliás, algo terão a ver com os poetas árabes do Algarve e a nossa poesia medieval.”
No prefácio à nova edição de Cântico dos Cânticos escreve Maria João Fernandes:
“Nesta nova edição do poema Cântico dos Cânticos de Gonçalo Salvado, o amor, tema por excelência da sua poesia cuja grande inspiração é o livro bíblico homónimo, associa-se ao vinho, aí frequentemente referido e sua metáfora de eleição. É a primeira vez que uma edição do Cântico dos Cânticos, ou melhor de um poema nele inspirado, surge em tão estreita relação, e de maneira tão concreta, com o vinho.
O vinho num contexto amoroso é o tema por sua vez da primeira antologia de poemas do autor, publicada por esta mesma editora e com o mesmo formato (2017) em homenagem ao Rubayat do poeta persa Omar Kayyam (1048 – 1131), na origem de todo um filão de obras maiores da literatura europeia.
Neste seu atual livro/garrafa para além destas grandes referências que já pertencem ao património da humanidade refletem-se ainda as poesias de amor do Egito, da Mesopotâmia e árabe, caras ao autor, e que associam o amor e o vinho e a grande poesia do Ocidente, mas sem ofuscar, antes realçando, a fonte original do seu próprio estilo, alimentado pelo caudal luminoso das suas metáforas, no fundador diálogo com o Cosmos que é o de toda a verdadeira poesia.
A este universo amoroso responde a criação de um mestre da escultura contemporânea, que tem dedicado grande parte da sua obra ao diálogo com a poesia: Francisco Simões. No fulgor do único traço dos seus desenhos na contiguidade e na consanguinidade da poesia, ecoam em simultâneo a grande sinfonia das formas plásticas, a sua luz, que o traço a negro faz irromper e a mais secreta alma da palavra. Partindo da sensualidade das linhas do corpo, real e sonhada, Francisco Simões recria o arquétipo do feminino, polo essencial do diálogo amoroso que a sua iconografia da mulher enriquece com a sedução primaveril das suas formas de uma perfeição quase divina, uma osmose de sentido plástico e poético que esta obra no seu conjunto traduz, dando forma à saudade e à evocação do Paraíso.“
O livro nas suas duas edições vai ao encontro da temática do XXII Encuentro de Poetas Ibero americanos que tem como titulo: “Llama de Amor Viva”, sendo consagrado à figura e à poesia de S. João da Cruz para muitos considerado o maior poeta em língua espanhola.
O encontro pretende também celebrar o centenário da poetisa Eunice Ódio (Costa Rica, 1919 – México, 1974) – uma das mais singulares poetisas do amor e do erotismo da América Latina, cuja obra é, tal como a poesia de S. João da Cruz, tributária e profundamente marcada pela leitura apaixonada do Cântico dos Cânticos.
De notar ainda que Salamanca está profundamente ligada ao Cântico dos Cânticos, na figura de Frey Luís de Leon, célebre professor da Universidade daquela cidade, autor de uma tradução do Cântico dos Cânticos considerada uma das obras-primas do Renascimento espanhol.