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Penamacor une tempos e patrimónios raianos

O II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor – 40 anos depois – Ciências, Territórios e Saberes em Mudança recebeu mais de 30 comunicações de investigadores dos dois lados da fronteira. Durante o colóquio ficou a promessa da criação de um Centro de Estudos Transfronteiriço

Penamacor reuniu, nos dias 25, 26 e 27 de outubro, investigadores de várias instituições de ensino superior de Portugal e Espanha, no II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor – 40 anos depois – Ciências, Territórios e Saberes em Mudança.

Ao todo, foram mais de 30 comunicações que contribuíram para um salto qualitativo no conhecimento do património e história do território raiano.

No primeiro dia do evento, foram ainda homenageados Candeias da Silva, António Lopes Pires Nunes e Fernando Patrício Curado por serem memórias vivas do primeiro Colóquio e por todos os trabalhos realizados e publicados em prol da região nestas duas áreas tão nobres que ali foram debatidas durante três dias.

Também Silvina Silvério e José Luís Cristóvão foram homenageados por deixarem não menos honrosos testemunhos nas áreas da História e da Arqueologia, para a região e para o concelho de Penamacor em particular.

Do programa constaram, ainda, três dias repletos de investigação sobre arqueologia, história e património.

O primeiro dia foi dedicado à Memória do Primeiro Colóquio, no qual, além destas homenagens, se realizaram também comunicações com o tema “Fronteira, Património, Desenvolvimento e Futuros”.

No segundo dia, decorreram três painéis, sendo que o primeiro se dedicou ao “Território Malcata-Gata, entre a Pré-História e o Domínio Romano”, o segundo dedicado aos “Tempos de Guerra e de Paz na Fronteira Penamacor Extremadura do Século XII ao Século XX” e um terceiro que visou os “Patrimónios Materiais e Imateriais da Raia Luso-Extremenha”.

Já no último dia, desenrolaram-se diversas visitas guiadas ao património histórico e arqueológico da região, com paragens no Convento de Santo António de Penamacor, Bemposta e Salvaleón.

De realçar que a sessão de abertura do evento contou com a presença de Suzana Menezes, diretora Regional de Cultura do Centro, Juan Pedro Carrasco Moreno, do Parque Cultural Sierra de Gata, de Ángel Espina Bárrio, da Universidade de Salamanca, de Luís Pereira, da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa e de Amalio Robledo Rojo, Alcalde del Ayuntamiento de Valverde del Fresno, do vice-reitor da Univeridade da Beira Interior, José Páscoa, de Pedro Salvado, coordenador da Comissão Científica do Colóquio, e de António Luís Beites Soares, presidente da Câmara Municipal de Penamacor.

António Luís Beites Soares na abertura do Colóquio

Na sessão de encerramento, ficou a promessa de António Luís Beites Soares, de que não serão necessários mais 40 anos para a realização do terceiro colóquio.

O autarca disse esperar que dentro de quatro anos se realize nova edição do evento, elogiando o trabalho histórico e científico produzido neste segundo colóquio.

António Luís Beites Soares deixou ainda a garantia que, resultado deste II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor, o Município vai começar a trabalhar para que seja criado um Centro de Estudos Transfronteiriços.

Para o presidente da Câmara Municipal é tempo de repensarmos a cooperação transfronteiriça pois muito foi feito, mas foi perdido muito do ritmo e das redes estabelecidas nos inícios do século XXI.

“Vamos criar em Penamacor uma unidade de investigação vocacionada para o estudo, atualização do conhecimento e entendimento das problemáticas destes territórios da raia central. Trabalharemos numa perspetiva interdisciplinar e numa geografia emocional de proximidade raiana mas que será sempre aberta ao mundo contemporâneo. A fronteira continua a ser presença nos nossos quotidianos e creio ser muito importante pensar o que significam as fronteiras a partir de uma milenar fronteira da história de Portugal como a nossa de Penamacor. O centro será um fórum de junção de saberes e contamos já o apoio de um amplo grupo investigadores oriundo dos maiores centros do saber e universidades de Espanha e de Portugal”, garantiu o autarca.

O II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor – 40 anos depois – Ciências, Territórios e Saberes em Mudança pretendeu assinalar os 40 anos da reunião pioneira que decorreu em 1979.

Este evento teve, ainda, como objetivo atualizar e renovar as problemáticas, os objetos de estudo e as linhas de investigação das duas áreas que se encontraram em debate, numa perspetiva transfronteiriça e de futuro comum.

Joaquim Morão alerta para falta de investimento na raia

Joaquim Morão foi um dos oradores da mesa redonda “Raias Rayas”, onde alertou para a falta de investimento nos territórios raianos e a falta de cooperação transfronteiriça.

“As raias têm excelente património mas estas zonas têm vindo a decair, estão completamente despovoadas. Não há investimento público, não se apoia o investimento privado e não há uma perspetiva de desenvolvimento. Precisamos de políticas públicas que saibamos aplicar no terreno. A cooperação transfronteiriça é ténue e temos novamente uma fronteira”, disse.

Joaquim Morão

Mais de 30 comunicações de Portugal e Espanha

O II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor – 40 anos depois – Ciências, Territórios e Saberes em Mudança contou com mais de 30 comunicações de várias instituições de ensino superior de Portugal e Espanha.

Universidade da Beira Interior, Universidade de Coimbra, Universidade de Évora, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, CEAUCP – Faculdade de Arquitetura do Porto, Universidade de Salamanca, Consejo Superior de Investigaciones Científicas – CSIC e Universidade de Valência foram as escolas representadas, entre outras várias instituições dos dois lados da fronteira.

Quem são os homenageados?

Professor Candeias da Silva: nascido a 27 de outubro, de 1946, na pequena freguesia de Orca, concelho do Fundão, desde muito cedo nutre o interesse por estas áreas do saber.

Licencia-se em História, na Universidade de Coimbra, é mestre pela Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, e doutor em Letras (História) pela mesma Faculdade.

Sempre dedicou a sua vida à produção de conhecimento científico na área da história e alguém dizia sobre ele, nos idos anos 80 aquando da publicação das actas do I Colóquio de Arqueologia e História em que participou, que era um homem “preocupado com os problemas relacionados com a defesa do património cultural”.

Investigou ao longo dos anos, nos registos do passado, assuntos ligados com as temáticas em causa.

Debruça-se em 1979 sobre o estudo da viação romana no sudoeste do antigo território penamacorense.

Falou das vias da Egitânea, capital de Civitas, ao tempo dos Romanos, de Medelim e Bemposta, da Mata da Rainha à Torre dos Namorados e à Capinha Romana.

Tenente Coronel António Lopes Pires Nunes: mais conhecido na Vila de Penamacor por Tenente Coronel Pires Nunes, nasceu em Castelo Branco, no ano de 1939.

Licenciou-se em História pela Universidade de Coimbra, com pré especialização em Arqueologia Clássica, e dedicou parte da sua vida ao estudo da História Militar, com trabalhos de investigação nas disciplinas de etnografia, arqueologia e arte.

Foi importante para a Vila de Penamacor pois foi aqui que cumpriu serviço militar e também participou ativamente para a criação de conhecimento cientifico na área da história e da arqueologia do Concelho de Penamacor, em particular, com uma comunicação sobre a Fortaleza da Vila de Penamacor, e região circundante, de maneira geral.

Engenheiro Fernando Patrício Curado: engenheiro técnico aposentado, que nas horas vagas se dedicava à investigação, numa área muito especifica, o estudo da epigrafia, a leitura da escrita do passado na pedra.

Também reservou algumas horas da sua vida ao concelho de Penamacor, publicando artigos em torno de algumas das inscrições do nosso concelho.

Recordamos o caso da ara votiva a Diana, depositada no Museu Paroquial da Aldeia de João Pires.

Drª Silvina Silvério: arqueóloga com diversos e valiosos trabalhos desenvolvidos na área do Concelho de Penamacor, tomou a si, de forma tão carinhosa, o território que a ela não pertencia.

Falamos de Penamacor e Castelo Novo, onde teve como incubadora um projeto maior de estudo para valorização do ponto de vista arqueológico: um projeto sobre os castelos da beira.

Mas não falamos só da ocupação dos Castelos, falamos também de mais projetos como os que importa recordar: os projetos de Valorização da Villa romana de Meimoa ou os trabalhos arqueológicos do sítio romano da Saibreira.

Trabalhos esses, que esperava ver terminados, mas por questões de saúde a impediram de continuar, estando alguns deles em aberto, à espera de novidades, que esperamos sejam para breve.

Dr. José Luís Cristóvão: filho da terra, nasceu em Benquerença, uma das localidades do concelho de Penamacor.

Voltou-se para a Vila vizinha de Idanha, onde atualmente exerce a sua profissão como arqueólogo, ou melhor um sonho de criança.

Mas foi neste concelho tão seu quanto nosso que começou a dar os seus primeiros passos na arqueologia, com participação ativa na criação de conhecimento.

Deu os seus contributos para a identificação e escavação da sepultura romana da Arrochela, que tanto engrandece o Museu Municipal de Penamacor e o património do concelho.

É com ele que se traz a luz dos olhos da atualidade: a ocupação romana em torno da Meimoa, com os trabalhos de prospeção arqueológica naquela área.

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