ANTOLOGIA AMOR E VINHO NOS POETAS DE LISBOA, CÂNTICOS DOS CÂNTICOS E RUBÁ’YAT
Vão ser apresentados, no dia 14 de dezembro, sábado, pelas 18 h, na Livraria Sá da Costa, ao Chiado, em Lisboa, três livros de poesia de Gonçalo Salvado com a chancela da Lumen (antiga A 23 Edições) em parceria com a Quinta dos Termos.
As três obras, com o original formato livro/garrafa, pertencem a uma coleção de poesia, dirigida pelo autor,que tem o motivo do vinho como tema principal.
A apresentação das obras estará a cargo do ensaísta e escritor Miguel Real.
O mais recente número da coleção, agora apresentado em estreia, consiste numa antologia poética (em edição bilingue português/inglês) organizada por Gonçalo Salvado, intitulada“Amor e Vinho nos Poetas de Lisboa – Lume e Ardor 13 Poetas para Ler e Degustar”.
Trata-se da primeira antologia publicada em Portugal que reúne as referências ao vinho, no contexto amoroso, nos poetas nascidos em Lisboa ou intimamente relacionados com a cidade.
Camões, Bocage, Pessoa, António Botto ou David Mourão-Ferreira são alguns dos autores incluídos na obra.
A capa e as ilustrações são da autoria de Dorindo de Carvalho, um dos designers gráficos portugueses mais marcantes da segunda metade do séc. XX.
O livro inclui um texto de abertura de Maria João Fernandes, breves notas biográficas com referência específica à poesia amorosa de cada autor, elaboradas por Gonçalo Salvado, e um roteiro literário realizado por Ricardo Paulouro, responsável pela editora.
Maria João Fernandes escreve, no texto de abertura a Amor e Vinho nos Poetas de Lisboa Lume e Ardor, de Gonçalo Salvado: “ (…) ““lume que arde sem se ver”, na definição magistral que Camões deu ao amor, o vinho, princípio húmido da alquimia, perfumado como a rosa, junta-se aos eflúvios luminosos de uma luz que sintetiza o próprio conhecimento. “Lume e ardor”. (…) O vinho associado ao amor cumpre assim, em todos estes poetas, o seu ancestral destino poético e simbólico, como simultâneo ardor do corpo e da alma. Elemento de um conhecimento igual ao êxtase, mágico e mítico filtro que resgata a humana condição da vulgaridade da existência de todos os dias. Convite a uma descoberta maior na poesia portuguesa.”
A segunda obra a apresentar consiste no livro de poesia Cântico dos Cânticos de Gonçalo Salvado, longo poema inspirado no célebre livro bíblico do amor, em versão bilingue (Português/Italiano), ilustrado com desenhos do escultor Francisco Simões e prefaciado pelo ensaísta e crítico de poesia Fernando Guimarães, contando ainda com texto de abertura de Maria João Fernandes.
A obra tem design gráfico de Mariana Almeida.
A tradução para o Italiano é da poetisa e tradutora italiana Stefania Di Leo (poema) e de Anna Antonini (restantes textos).
A sua primeira apresentação ocorreuno passado mês de Outubro, em Salamanca, Espanha, na Faculdade de Filologia da Universidade de Salamanca (tendo como título “Gonçalo Salvado Y Su Cântico dos Cânticos”) no contexto do XXII Encuentro de Poetas Iberoamericanos.
O livro de Gonçalo Salvado foi seguidamente apresentado, e também em Outubro, no quadro do Festival Literário da Gardunha, no Fundão.
Fernando Guimarães escreve, no prefácio a Cântico dos Cânticos, de Gonçalo Salvado:
“Gonçalo Salvado aproxima-se desta obra [o Cântico dos Cânticos atribuído a Salomão]que se tornou quase mítica; daí o modo como, através da sua própria linguagem, nos remete para o imaginário bíblico (…) O poema de Gonçalo Salvado, se não se fixa, como é óbvio, no sentido literal das palavras, também diverge daquele sentido messiânico (…). Mas há, sim, um sentido figurado que assenta sobretudo no recurso a imagens, a metáforas e ao que se poderia admitir como uma extensão temática que se concentra numa visão sempre marcada pelo erotismo, pela paixão amorosa.”
Recorde-se ainda que o vinho num contexto amoroso é por sua vez o tema da primeira antologia de poemas de Gonçalo Salvado, ilustrada com desenhos do escultor José Rodrigues, publicada por esta mesma editora e com o mesmo formato (2017) em homenagem ao Rubayat do poeta persa do séc. XI Omar Kayyam –obra cume da poesia universal que, a par do Cântico dos Cânticos, mais referencia e enaltece o vinho.
Esta antologia de Gonçalo Salvado constituiu-se na altura como o primeiro livro/garrafa editado em Portugal e será também apresentada neste contexto.
O seu primeiro lançamento ocorreu na Fundação escultor José Rodrigues, no Porto. Acerca de Ru bá’iyat Poemas do Amor e do Vinho 77 Poemas para Ler e Degustar, de Gonçalo Salvado, o romancista Manuel Silva Ramos escreveu no Jornal de Letras:
“Nesta obra, Gonçalo Salvado pratica uma poesia repleta de grande erotismo e ancorada exclusivamente na mulher. Lapidar, epigramática, intensamente sensível, ela faz lembrar os haikais japoneses, certa poesia de Eugénio de Andrade ou a do francês Guillevic pela economia das palavras.(…) Único na poesia portuguesa atual, o seu percurso merece toda a nossa atenção e admiração.”