Desde o início a criação do Jardim da Goldra, na Covilhã, foi claramente um erro urbanístico, um projeto dispendioso sem qualquer vantagem para o espaço urbano e que não despertou o interesse dos e das covilhanenses nem dos turistas que visitam a cidade, acusa o Bloco de Esquerda.
O jardim apenas serviu para fins eleitorais com base no princípio de mostrar “obra feita”, independentemente da utilidade ou da realização de estudos prévios sobre a atratividade que a requalificação do espaço teria na população e nos impactos para o ambiente.
O Núcleo Concelhio da Covilhã do Bloco de Esquerda exige “um cabal esclarecimento e apuramento de responsabilidades sobre este erro urbanístico”.

“Importa ainda apurar as responsabilidades políticas pelo investimento feito na requalificação do espaço, dinheiro público desbaratado sem qualquer retorno social ou ambiental”, reforçam os bloquistas.
O BE da Covilhã assegura que “esta intervenção não promoveu melhoria na qualidade ambiental nem na qualidade de vida das populações. E para que esse tipo de erro não se repita, a próxima proposta de requalificação do espaço deve ser bem avaliada, planeada e com ativa participação das populações e setores envolvidos”.
FALTA DE MANUTENÇÃO DO ATUAL ESPAÇO
A valorização dos espaços urbanos constitui uma atribuição clara dos municípios.
“Na cidade da Covilhã assistimos a uma falta de cuidado com o espaço público, a degradação, o vandalismo e a falta de manutenção são evidentes e contam com a total passividade dos responsáveis municipais”, diz o BE.
O jardim da Goldra foi deixado ao abandono, sem que os responsáveis municipais tivessem atuado atempadamente com vista à sua preservação.
Recorde-se que em sessão da Câmara Municipal, ocorrida em Junho de 2017, a maioria do Partido Socialista com o voto favorável do MAC, aprovou a delegação da conservação do Jardim da Goldra à empresa municipal ICOVI.
No entanto desconhece-se qualquer tipo de intervenção e melhoramentos feitos no Jardim da Goldra.
Quem visita hoje a Goldra depara-se com um cenário de verdadeiro abandono, à semelhança do que acontece noutros espaços públicos, o que é revelador da “falta de visão estratégica da autarquia na preservação dos jardins e zonas de lazer”.
A Cidade da Covilhã cresceu junto às suas ribeiras, edificou-se no curso de água que servia a indústria têxtil, a Goldra e a Carpinteira são a base do património histórico e natural da cidade, pelo que a preservação dos espaços envolventes deve ser assumido como um objetivo estratégico e por isso é importante envolver a sociedade, seus moradores, entidades de representação coletiva, empresários, ecologistas e académicos.
O Núcleo do Bloco saúda a Universidade da Beira Interior pelo envolvimento na construção de uma proposta para a Goldra.

A PROPOSTA DO BLOCO
“Atendendo à morfologia do Jardim da Goldra fica provado que o modelo de requalificação não foi o mais acertado”, garante o BE.
Para o Bloco, não se deve insistir no erro de investimentos avultados uma vez que ou por incompetência ou por incapacidade financeira a Câmara Municipal da Covilhã não consegue preservar e cuidar.
O Núcleo do Bloco de Esquerda de Covilhã, vem propor a “transformação do espaço numa zona de lazer fortemente arborizada, um verdadeiro espaço florestal, com árvores autóctones, promovendo e defendendo a biodiversidade local”.
“A criação de pequenas florestas nos espaços urbanos tem sido assumida por muitas cidades modernas como forma de combater as alterações climáticas, promovendo a melhoria da qualidade ambiental das cidades.”, recordam os bloquistas.
Lembre-se que atualmente, consideram-se os espaços verdes como infraestruturas essenciais para a prestação de diversos serviços ecológicos, como os ciclos da água, a flora urbana e a criação de corredores que possibilitem a fauna silvestre atravessar a cidade de forma segura, sendo que o ideal seria garantir essa ligação contínua, através da ribeira da Goldra, desde o Zêzere até suas nascentes no alto da Serra da Estrela.
“A intervenção neste espaço mostrou-se errada desde o início, o que não isenta o atual executivo municipal da responsabilidade pelo seu estado de abandono e consequente degradação”, relembra o BE.
Por isso o Núcleo Concelhio da Covilhã do Bloco de Esquerda considera que a Câmara Municipal da Covilhã deve ponderar esta alternativa, pouco dispendiosa e amiga do ambiente.