A Mutualista Covilhanense vai implementar, a partir de setembro, um programa de emergência social destinado a ajudar as pessoas e famílias do concelho da Covilhã a quem a crise pandémica retirou rendimentos essenciais, designado de “SOS Covid-19”, combatendo assim os seus impactos económicos e sociais.
Uma das medidas dá pelo nome de “SOS Apadrinhamento” e consiste na criação de uma bolsa de empresas e de particulares disponíveis para “apadrinhar” agregados familiares durante 3 ou 6 meses, renováveis se necessário, auxiliando no pagamento de despesas como contas de água, luz, mensalidades de creche e ATL, material escolar para o regresso às aulas ou consultas no dentista.
A executar até ao final de 2021, o programa de emergência social SOS Covid-19 foi apresentado na noite de 16 de julho, aos associados em Assembleia Geral.
Atuará em três áreas: psicossocial, emprego e saúde. É no domínio do apoio psicossocial que se insere o “SOS Apadrinhamento”, que terá três modalidades – “SOS Família”, “SOS Regresso às Aulas” e “SOS Saúde”.
No “SOS Família”, e para além de ajudarem através do pagamento de contas mensais à sua escola (água, luz, gás, internet, etc), os “padrinhos” ou “madrinhas” podem ainda optar por pagar alimentação, definindo com que valor fixo mensal querem ajudar, sendo que “depois é o próprio agregado familiar que efetua as compras, possibilitando assim que adquiram o que realmente necessitam”, adianta Nelson Silva, Presidente da Direção da Mutualista Covilhanense.
No caso do “SOS Regresso às Aulas”, a concretizar logo no início de setembro, a ajuda será ao nível do material escolar, vestuário e calçado desportivo para a disciplina de Educação Física, mensalidades de creches e ATL, entre outros bens materiais que possam a ser considerados importantes, como é o caso de computadores ou tablets, caso se mantenham as aulas não presenciais.
No campo da saúde está não só o pagamento de consultas e tratamentos de medicina dentária, como também de medicação, sobretudo de doentes crónicos, ede produtos de ótica, com destaque para os óculos graduados, entre outros.
Uma das particularidades deste SOS Apadrinhamento“é a de que as pessoas serão ajudadas com muita discrição, sob anonimato”, afirma Nelson Silva, ao explicar que a Associação “tem conhecimento de que há famílias que antes viviam bem e que agora têm vergonha de pedir ajuda e expor a sua situação”.
“São pessoas que não querem viver de caridade, que apenasquerem dar um novo rumo às suas vidas e que, para isso, só necessitam de auxílio durante alguns meses”, sublinha o dirigente. Nelson Silva refere que neste momento a Associação está a criar a bolsa de empresas e de privados.
Paralelamente, através de uma parceria com o Instituto de Emprego e Profissional, este programa de emergência social desenvolverá uma medida que a Mutualista designou de “Banco Emprego +”, a pensar sobretudo em quem ficou desempregado ou quer mudar de atividade profissional devido ao impacto da pandemia no setor em que trabalha, para a capacitação da população na área laboral, promovendo competências que potenciem uma atitude pró-ativa face ao emprego.
“A ideia é promover o apoio e orientação na procura de emprego junto dos beneficiários do programa de emergência social, assim como ações de informação e também apoiar na elaboração de candidaturas a apoios e incentivos do IEFP”, resume o Presidente da Instituição.
O Programa de Emergência Social SOS Covid-19 “vai incluir ainda o alargamento a todas as faixas etárias da linha de apoio psicossocial que a Mutualista Covilhanense tem já a funcionar no âmbito da pandemia”, antecipa também Nelson Silva.
Atualmente, a linha (nº 927 492 559) funciona para apoio à população sénior, de 2ªa 6ªa-feira de manhã, ao abrigo de outro projeto, o “Cuida com Amor – Protege com Afeto”, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, que neste momento recebe sobretudo pedidos de auxílio para tarefas como realização de compras e outros recados, com o objetivo de ajudar manter os mais idosos em casa.
Esta linha passará a fazer o atendimento de casos sociais emergentes, para posterior encaminhamento, e para possível primeiro contacto por parte dos futuros beneficiários do SOS Apadrinhamento e ainda para apoio ao nível psicológico.
Outra das iniciativas previstas neste novo Programa de Emergência Social é o Gabinete Itinerante de Prevenção e Combate à Covid-19, para percorrer as zonas rurais do concelho, incluído também noutro projeto que acaba de ser premiado pela Caixa Geral de Depósitos através dos prémios “Caixa Social 2021” e que “terá também um papel fundamental no programa de emergência social”, refere Nelson Silva.
Este Gabinete Itinerante vai prestar informação às populações, tal como conselhos de segurança e outros, e realizará testes à Covid-19, em parceria com os laboratórios Germano de Sousa.
Além deste, outros projetos da Associação em curso funcionarão em estreita articulação com o programa de emergência social, como é o caso da Unidade Móvel de Saúde.
Esta não é a primeira vez que a Mutualista Covilhanense implementa um programa de emergência social.
A primeira foi em 2014, altura em que criou com o apoio do Município da Covilhã um programa destinado a combater a fome, a exclusão social e o isolamento dos idosos, que teve continuidade ao longo dos anos.
Esse programa de emergência social teve o apoio da Câmara Municipal também em 2016 e 2017.
Contas aprovadas e voto de louvor aos funcionários
Na Assembleia Geral Ordinária, os associados aprovaram, ainda, por unanimidade o Relatório e Contas do exercício de 2019, com destaque para o aumento da rentabilidade da Associação, que fechou o ano com um resultado líquido positivo de vinte e três mil euros.
Em destaque estiveram também os proveitos, que pela primeira vez ascenderam a 1,7 milhões de euros, e o resultado operacional, que subiu para os 41 mil euros.
Depois desta assembleia, realizou-se outra, de carácter extraordinária, onde foram abordados vários assuntos e onde foi aprovado um voto de louvor aos funcionários da Associação proposto pelo presidente da Mesa, João Morgado, e subscrito pela Direção, “pelo empenhamento pessoal e profissional à missão de cuidar dos mais frágeis num tempo de incertezas e perigos para a saúde pública, resultantes da pandemia do Covid-19”, “certos de que sem a sua entrega e o seu sacrifício não teríamos levado a nossa missão e não estaríamos tão confiantes para os tempos difíceis que ainda se avizinham”.
Foi ainda aprovado por unanimidade, igualmente sob proposta de João Morgado, um voto de agradecimento a todas as entidades e empresas que desde o início da pandemia têm ajudado a Associação com Equipamentos de Proteção Individual, álcool gel e outros donativos, e ainda às entidades de saúde, bombeiros e proteção civil “pela pronta colaboração”.