Os dias que vivemos são dias estranhos, impossíveis de prever.
O que é verdade hoje pode não ser verdade amanhã.
Se é tão importante voltarmos ao normal – ou a um novo normal – é, igualmente, importante que o façamos em segurança.
Foi sobre estas premissas que de desenhou a 9ª edição do Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas 2020 – uma edição atípica para tempos atípicos, com apoio numa rede de parcerias que promove, há muitos anos, um trabalho de
desenvolvimento territorial no “lugar mais bonito do mundo”, Idanha-a-Nova – Cidade Criativa da Música da UNESCO.
Este trabalho é mais extenso, chega ao tecido artístico e procura
promover – a partir de um território rural, interior e raiano -, uma
visão da cultura ligada, de modo umbilical, à experiência do
território.
A programação é, hoje em dia, uma aventura delicada.
O que é verdade hoje pode não ser amanhã… são tantas as variáveis e estas mudam com tanta rapidez e frequência que trabalhamos sobre uma rede que teima em desviar-se.
Foram muitos os cenários tentando prever todas as eventualidades e o seu efeito no Festival e no seu papel charneira de desenvolvimento territorial na região de Idanha-a-Nova.
Apesar de pequenos, a organização assumiu um exemplo de regresso à normalidade ou a um novo normal ainda em construção, contribuindo para que o tecido cultural e artístico recupere do tsunami que brutalmente o afectou.
Redesenharam integralmente a programação 2020 e receberam, agora, músicos portugueses (ou residentes em Portugal) para mais uma programação tão irreverente como surpreendente… Esperam ter dado passos no melhor sentido.

Tendo em conta os dias que se vivem e a evolução da situação sanitária no país e no mundo a parceria Fora do Lugar – Arte das Musas, Município de Idanha-a-Nova e Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes, decidiu converter 2020 numa edição
híbrida, com parte da oferta “em casa” (online) e parte “no lugar” (presencial).
São múltiplas as razões (calendário, meteorologia, demografia, lugar, cruzamento, públicos…) que levaram a esta decisão… Para o território e para a parceria, apesar do enorme trabalho e esforço de adaptação que as circunstâncias implicam, ficamos felizes que tenha sido possível manter, integralmente, embora adaptado, este projecto charneira e que seja possível fazer acontecer novamente – a partir do mundo rural – uma proposta com esta assinatura, num território UNESCO.
“É tão bom voltar a estar Fora do Lugar, a partir do lugar mais bonito do mundo!”, refere Filipe Faria, o director do Festival Fora do Lugar & Director da Arte das Musas.