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“Salários no turismo só subirão quandoos negócios do setor beneficiarem os residentes”

A Organização Mundial do Turismo assinala este ano a atividade como instrumento de desenvolvimento das comunidades anfitriãs, sobretudo em regiões mais desfavorecidas. Em Portugal, o simpósio HINTS sobre turismo sustentável trouxe a Lamego académicos e especialistas mundiais para discutir os modelos turísticos que geram maiores benefícios junto das populações locais.

Os salários no turismo e na hotelaria sãodos mais baixos em Portugal devido “à falta de estratégias de desenvolvimento de destinos turísticos centradas nas comunidades residentes e nos benefícios que os negócios do setor podem gerar na mão de obra local”, afirma João Vaz Estêvão, investigador do DINÂMIA’CET – Iscte e membro da organização da primeira edição do HINTS.

Este foi um simpósio sobre turismo patrimonial inclusivo que reuniu, nos dias 11 e 12 de maio, em Lamego, académicos e especialistas mundiais para debater e apresentou soluções para tornar o setor turístico português num promotor do desenvolvimento local e regional, melhorando o nível de vida das populações.

“Os salários no turismo só subirão quando os negócios do setor beneficiarem os residentes.”

Segundo João Vaz Estevão, é necessário atribuir o protagonismo às comunidades locais, em alternativa à “habitual solução para o desenvolvimento turístico encontrada em muitos destinos portugueses que recorrem a investimentos externos avultados em unidades de alojamento”.

O investigador propõe “apostar no empreendedorismo de estilo de vida, em que os residentes aliam as suas atividades tradicionais – como artesanato, gastronomia ou jardinagem, por exemplo – à criação de pequenos negócios que têm nos visitantes do destino um dos principais canais de escoamento.”

Uma estratégia centrada nos saberes e na identidade das comunidades locais estará em linha com as “exigências de segmentos de turistas mais sofisticados, que procuram experiências de turismo criativo desenvolvidas em estreita relação com os residentes”.

O primeiro Simpósio de Turismo Patrimonial Inclusivo – HINTS – abordou meios para o desenvolvimento turístico que “beneficiem financeiramente as populações e que contribuam para o seu bem-estar, transferindo-lhes parte da gestão dos próprios investimentos.”

Em 2022 a Organização Mundial do Turismo assinala a atividade turística como instrumento de desenvolvimento socioeconómico das comunidades anfitriãs, sobretudo em regiões mais desfavorecidas.

Mas, em Portugal, os exemplos dessa estratégia são raros: “Esta evidência parece resultar do facto de os decisores públicos ainda considerarem, largamente, que bastará incrementar o investimento privado externo às comunidades para que nelas se façam sentir os efeitos positivos desejados”, explica o investigador.

A escassa base científica no processo de tomada de decisões sobre a reutilização do património cultural público no âmbito do turismo é, ainda, a regra.

Tal facto, conjugado com a omissão dos interesses concretos das populações residentes,implica para João Vaz Estevão“impactos negativos para o património reaproveitado, para a competitividade da atividade turística nos respetivos destinos e, sobretudo,para o bem-estar das populações”.

OHINTS foi uma iniciativa da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego e da unidade de investigação DINÂMIA’CET – Iscte.

A primeira edição deste Simpósio de Turismo Patrimonial Inclusivo propôs a alteração do paradigma da forma de pensar o turismo português, o qual deverá ser “estrategicamente desenvolvido em benefício das populações residentes”, conclui João Vaz Estevão.

 

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