A Real Associação da Beira Interior dinamizou, dia 3 de setembro, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, uma nova palestra-recital da série Já leram a poesia de…, como sempre concretizada por António Salvado e que desta vez foi dedicada a Fernanda de Castro, que nasceu em 1900 e morreu em 1994.
Na Mesa esteve o orador e o Vice-Presidente da Real Associação da Beira Interior – Luís Duque-Vieira.
António Salvado começou por salientar o facto da obra desta autora, que se reparte pela poesia, pelo romance, pela novela, pelo teatro e pela literatura infantil, ser atualmente pouco relembrada e raramente antologiada.
Casa com o jornalista António Ferro, que foi amigo de Fernando Pessoa e de outros poetas da revista Orfeu e que, depois da Revolução de 28 de maio, ocupou o alto cargo de secretário da Propaganda Nacional, Fernanda de castro, juntamente com o marido, acionou toda a sua influência para que Monsanto da Beira fosse considerada A Aldeia Mais Portuguesa, com a atribuição do Galo de Prata.
Também não é de esquecer que foi com a sua tradução das Cartas a um jovem poeta, de R. M. Rilke, que este genial poeta alemão se iria tornar tão lido em Portugal.
António Salvado debruçou-se sobre o conjunto da obra poética de Fernanda de Castro, tecendo-lhe as principais coordenadas e as mais salientes tónicas de originalidade, que o poeta Albicastrense resumiu assim: “confissão emocionante e sem rodeios de vivências e de experiências íntimas e extrínsecas, vibração bem expressiva na elaboração do poema incutindo neste rasgos de um conteúdo riquíssimo e substancialmente diverso e uma consciente e habilidosa conjugação da forma métrica à mensagem emitida, metáforas sempre pertinentes”.
Fernanda de Castro, como poeta, publicou Manhã (1919), Dança de Roda (1921), Cidade em Flor (1924), Jardim (1928), Daqui e Dalém Alma (1935), 39 poemas (1941), Exílio (1952), Asa no Espaço (1955), A Ilha da Grande Solidão (1952), África Raiz (1963), Poesia (seleção de poemas de todos os livros, 1994).
Os poemas de Fernanda de Castro foram lidos por Maria Constança Valente, Maria de Lurdes Gouveia Barata e Maria Adelaide Neto Salvado.
No final da secção Antónia Carvalho cantou à capela para todos os presentes no evento.