PARLAMENTO VAI PONDERAR
Na sequência da petição pública, criada pelo poeta Gonçalo Salvado, em 2022, para a trasladação dos restos mortais da poetisa Florbela Espanca para o Panteão Nacional, de acordo com fonte segura podemos informar que, através do conteúdo da comunicação da Comissão de Cultura da Assembleia da República, o assunto vai ser objeto de ponderação nessa Assembleia.
Lembremos que da petição constam as razões culturais e sociais que justificam plenamente a trasladação dos restos mortais de Florbela Espanca para o Panteão Nacional: “essa possível trasladação obedecerá a toda e qualquer elementar justiça, dado que Florbela Espanca, não sendo apenas considerada como a maior poeta da língua portuguesa e o cume cimeiro do feminino poético português, impõe-se igualmente como um autêntico ícone e símbolo nacional, materializando em si, a Mulher Portuguesa Amorosa vocacionada para cantar, com a maior expressividade e desenvoltura, a subtileza do universo amoroso.”
Para além do exposto, na petição Gonçalo Salvado salienta que: ” o percurso de vida de Florbela Espanca a tornou uma pioneira e um alto exemplo imorredouro da afirmação dos direitos da mulher numa sociedade tradicionalmente liderada pelo masculino e ignorante do valor de palavras como Liberdade.”
Florbela Espanca (Vila Viçosa, 1894 – Matosinhos, 1930) é, na caracterização lapidar do historiador da literatura António José Saraiva: “uma das mais notáveis personalidades líricas isoladas, pela intensidade de um transcendido erotismo feminino, sem precedentes entre nós, com tonalidades ora egotistas ora de uma sublimada abnegação reminiscente da de Soror Mariana, ora de uma expansão panteísta que se vai casar com a ardência da charneca natal.” (in António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa).
Também para a poetisa Maria Teresa Horta, Florbela Espanca”chega até nós através da linguagem amorosa extremada, ousada e íntima, dos anseios, do desejo feminino, como nenhuma outra escritora portuguesa o fizera antes.” (em Florbela Espanca: o Espólio de um Mito).
Para Gonçalo Salvado a ponderação anunciada será inteiramente de aplaudir, pois, qualquer referência a esta genial mulher poeta ajudará a concretizar o pretendido: a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional.