A Real Associação da Beira Interior, organizou uma palestra no dia 26 de Março, subordinada ao tema “Ordem dos Templários – Castelo Novo Terra Templária”, os oradores convidados foram os professores, investigadores e historiadores Hermínio Esteves e André Gonçalves.
O evento teve o apoio da Junta de Freguesia de Castelo Novo.
Além dos oradores e cerca de 3 dezenas de pessoas, esteve presente a Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Novo, Maria de Jesus Salvado Abelho, a Presidente da Real Associação da Beira Interior, Elisa Vasconcelos e Sousa, o representante da Raia Gerações, Carlos Gomes, o Grão Prior de Portugal da Ordem Templária da OSMTH – Paris, Francisco Moção Leão, o Comendador de Ovar da Ordem Templária da OSMTH – Paris, Luís Mieiro, o Grão Prior de Portugal da OSMTH – Confederação Helvética, Fernando Castelo Branco e o Grande Secretário de Portugal da OSMTH – Confederação Helvética, Miguel Nascimento.
HERMÍNIO ESTEVES
O condado de Portucale surgiu no ano de 868, sendo Vimara Peres o fundador e primeiro Conde.
O Condado Portucalense foi constituído em 1095 por Dom Henrique de Borgonha e Dona Teresa Leão, território que foi oferecido pelo seu sogro e pai Afonso VI de Leão e Castela.
É provável que a Ordem dos Templários tenha chegado o actual território de Portugal em 1125 com a Condessa Dona Teresa de Leão, três anos antes da oficialização da Ordem em 1128.
Em 1125 a Ordem dos Templários terá recebido as primeiras doações; em 1126 terá recebido a Vila de Ponte da Arcada e mais 17 doações da nobreza; 14-IV-1128 doação do Castelo de Soure (local onde poderá ter sido a sede da Ordem no Condado Portucalense até 1147); em 1129 Hugo de Payns (primeiro Grão Mestre da Ordem dos Templários) insiste com São Bernardo de Claraval para escrever o sermão de exortação ao ingressar na Ordem, Dom Afonso Henriques aparece documentado com Irmão da Ordem do Templo; carta da confirmação da doação de Soure em 13-III-1129; 1147 conquista de Santarém, com esta conquista (reconquista) Dom Afonso I faz doação de terrenos aos Templários e à Ordem de Cister. A sede da Ordem que estava em Soure, passa para Santarém; ainda em 1147 os cavaleiros Templários participam nas batalhas de Santarém, Lisboa, Sintra, Almada, Palmela, Alcácer dos Sal, Évora e Beja.
Em 1209 Fernando Sanches, faz a doação de Vila Franca da Cardosa aos Templários; em 1214, provavelmente Dom Afonso II faz nova doação de Vila Franca da Cardosa (este terreno havia sido revertido para a Coroa).
A presença Templária no actual distrito de Castelo Branco, foi muito acentuada nos Séculos XII, XIII e XIV.
Castelo Novo, terra que terá existido antes do Século XIII, uma vez que o castelo se encontra referido num testamento de Dom Pedro Guterres em 08-I-1221 como no Foral de Lardosa.
Encontra-se ligado ainda à presença da Ordem do Templo na região, razão pelo qual alguns historiadores atribuem a sua edificação ao Mestre Dom Gualdim Pais no Reinado de Dom Sancho I (1185-1211).
ANDRÉ GONÇALVES
Em 1095 o Papa Urbano II apelou aos cristãos para reconquistarem Jerusalém e libertarem o Santo Sepulcro; 1096-1099 avança a primeira cruzada; 1118 nove cavaleiros de origem francesa criam a Ordem dos Templários em Jerusalém; 1128 reconhecimento da Ordem dos Templários pela Santa Sé no Concílio de Troyes.
São Bernardo de Claraval ditou a Regra da Ordem dos Templários, sendo a Ordem composta por monges – guerreiros celibatários com o cumprimento da pobreza – castidade – obediência.
1139 Obediência total ao Papa; 1146 adopção da cruz vermelha e uniforme branco; 1252 Henrique III de Inglaterra ameaçou confiscar algumas terras da Ordem dos Templários; 1291 queda de Jerusalém; 1305 eleição do Papa Clemente V; 13-X-1307 início do processo contra os Templários em França; 22-III-1312 extinção da Ordem dos Templários.
A simbologia templária encontra-se na bandeira, selo e uniforme militar.
Em 1317 O Rei Dom Dinis I, perante a extinção da Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V, pediu o reconhecimento da Ordem de Cristo, que será aprovada pelo Papa João XXII.
A Ordem de Cristo sucessora em Portugal da Ordem dos Templários adotou um novo símbolo – uma cruz.
A cruz foi usada em vários monumentos arquitetónicos e figura nas bandeiras das naus dos descobrimentos marítimos do Reino de Portugal.
Em 1202 Dom Pedro Guterres, fez a doação em testamento da terça parte de Castelo Novo aos Templários. O castelo havia sido construído no Século XIII, tendo mais tarde obras no reinado de Dom Dinis I; 1372, o castelo sofreu danos com a passagem dos exércitos de Henrique II de Castela; no início do Século XVI o castelo encontrava-se novamente degradado, tendo tido melhorias em 1537; no Século XVIII o castelo apresentava novamente danos, alguns devido ao terramoto de 1755; no Século XIX a muralha na frente norte e poente foi destruída para a construção de casas junto ao castelo; no Século XX houve uma tentativa de recuperar o castelo, mas sem êxito; em 2003 a DGEMN, em colaboração com a Câmara Municipal do Fundão, apresentou um projecto de revitalização do castelo.