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CENTENÁRIO DE EUGÉNIO DE ANDRADE: Antologia poética apresentada na Biblioteca Municipal de Castelo Branco

UMA SESSÃO MEMORÁVEL

No contexto das Comemorações do Centenário de Eugénio de Andrade, organizadas pela Biblioteca Municipal de Castelo Branco em colaboração com Paulo Samuel foi apresentada, nessa mesma biblioteca, sexta-feira 28 de abril de 2023, pelas 18h00 a antologia organizada pelo poeta Gonçalo Salvado: “Um Corpo É Sempre Uma Chama – O Fogo e o Vinho na poesia de Eugénio de Andrade”, uma colaboração da Editora Lumen com a Livraria Sá da Costa Editora de Lisboa, em parceria com a Quinta dos Termos.

A sessão contou com a presença do Presidente da Câmara de Castelo Branco Leopoldo Rodrigues e do Assessor para a Cultura Fernando Raposo.

A apresentação esteve a cargo de Maria João Fernandes, autora do texto de abertura.

A antologia foi idealizada para celebrar o centenário de Eugénio de Andrade figura maior da poesia portuguesa do séc. XX que viveu em Castelo Branco durante a sua infância.

O livro que inclui uma seleção das referências ao fogo e ao vinho na sua obra poética reproduz na capa um retrato inédito do autor,realizado expressamente com esta finalidade pelo histórico designer gráfico português, o artista Dorindo de Carvalho.

Insere-se numa coleção de poesia dirigida por Gonçalo Salvado, única no panorama editorial português e cujas obras surgem no formato original livro/garrafa, pretendendo materializar a relação simbólica e milenar entre o vinho e a poesia.

Paulo Samuel, Leopoldo Rodrigues, Gonçalo Salvado e Maria João Fernandes

 

O editor é Ricardo Paulouro.

Nesse mesmo dia, e no mesmo espaço, antecedendo a apresentação da antologia, foi inaugurada uma exposição bibliográfica, artística e documental sobre Eugénio de Andrade, com destaque para as edições dos seus livros e para os poemas manuscritos e ilustrados pelo próprio Eugénio de Andrade que ficarão expostos na Biblioteca Municipal albicastrense até ao dia 6 de maio.

Da intervenção de Gonçalo Salvadoque versou a”Poesia de amor de Eugénio de Andrade“: “(…) A poesia amorosa é, de entre todas a mais eterna. Nunca deixou de escrever-se, por cima do tempo, das vicissitudes mais adversas. (…) Os séculos, as guerras, as calamidades, as constrições sucedem-se sempre, mas a poesia amorosa volta a surgir como Afrodite das águas incólume e radiante como se ninguém nunca jamais a tivesse perturbado. Mistério que só se explica pela portentosa força do amor, por essa melodia de Eros irresistível que se faz carne com a carne do homem e que atravessa o tempo e que nunca se extingue. Essa mesmo Melodia que como nenhuma outra encanta e enfeitiça desde o alvor da nossa poesia os nossos poetas e à qual eles não podem resistir porque se veêm nela espelhados, sempre ansiosos de se entregarem à sua vibração, encontrando nela a correspondência integral com o seu próprio ser. O próprio Eugénio de Andrade nos afirma isso mesmo por outras palavras:”Como estranhar-se que, entre nós a melodia do homem seja a melodia de Eros? Que poeta português pode negar-lhe a face sem negar ao mesmo tempo o coração?” E referindo-se a si próprio e à sua trajetória poética esclarece-nos: “À melodia exasperada e expectante, cálida e apaziguadora de Eros, a esse canto que da fundura do ser remonta às vertentes da morte, deve a minha poesia quase sempre o impulso inicial.” In: “Da palavra ao silêncio”, Rosto Precário, 1979. Foi exatamente enleado na melodia, ora exasperada, ora apaziguadora de Eros, que revolucionou Eugénio de Andrade a poesia portuguesa, criando um novo e inconfundível dizer amoroso, perfeita cristalização e irradiação do seu génio. (…) se a poesia amorosa portuguesa teve no séc. XX intérpretes de relevo, apenas em Eugénio de Andrade encontrou a sua expressão mais luminosa e pura, atingindo, na sua escrita, o seu zénite.”

Seguiu-se a leitura de diversos poemas e de textos em prosa (com referências a Castelo Branco e à sua região) de Eugénio de Andrade pelos alunos do Agrupamento Nuno Álvares e por alguns autores de Castelo Branco.

A sessão prosseguiu com a apresentação da antologia por Maria João Fernandes que realçou o essencial da poesia de Eugénio.

Do seu texto com o título “O Amor que Arde e se Vê”, numa clara evocação a Camões, destacamos:Que o lirismo é a vocação essencial da cultura portuguesa, é já há muito reconhecido, e também por Eduardo Lourenço. Eugénio de Andrade não apenas prolonga esta tradição, ilumina-a com o fulgor do seu verbo cintilante, portador das cores e dos frutos, da rosa que inaugurou a criação com o perfume e a beleza da presença.  A síntese e a música da sua forma apelam à música, são as luminosas notas de uma sinfonia sempre recomeçada que traduz a amorosa cadência de um coração humano.O que torna incomparável a sua “lição” é a profunda sintonia com os elementos, entre os quais o fogo, como hoje nos podemos aperceber, ocupa metafórica e simbolicamente um lugar fundamental. Corpo, chama que arde na fogueira dos sentidos e da alma no brilhante incêndio do amor, tudo reunindo na graça de uma conjugação humana e terrestre sob o signo de um mistério intraduzível. Mistério antes de mais da palavra que Eugénio faz sua na cosmogonia inicial que todo o grande poeta inaugura.”

Finalmente o Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco Leopoldo Rodrigues, concluiu o evento, saudando esta iniciativa de grande relevância no contexto da celebração do centenário de Eugénio de Andrade e nela introduzindo uma histórica comunicação.

A decisão do executivo de atribuir o nome do poeta António Salvado à Biblioteca Municipal de Castelo Branco.

 

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