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Falhas da Proteção Civil em Portugal “têm origem na gestão do sistema”

 “Grande parte dos processos são concretizados de forma primária e ineficaz devido a conflitos na gestão e a má alocação dos recursos”, constatam os investigadores que vão participar no “Congresso de Proteção Civil e Média” que irá decorrer no Politécnico da Guarda. Académicos de universidades norte-americanas e espanholas vão comparar sistemas de proteção e falar de comunicação de crise.

“Falta de planeamento”, “ausências de coordenação”, “falhas de transparência” e “responsabilidades hierárquicas difusas” são os principais problemas no funcionamento da Proteção Civil em Portugal.

A identificação destes desafios é feita por André Inácio, investigador universitário na área da segurança e membro do conselho científico do Congresso Internacional de Proteção Civil e Média, o qual terá a sua primeira edição no Instituto Politécnico da Guarda – IPG no próximo dia 18 de outubro.

“Apesar da boa formação e capacidade de resposta atempada, grande parte dos processos são concretizados de forma primária e ineficaz devido a conflitos na gestão e a má alocação dos recursos”, afirma André Inácio.

“O que irá ser discutido no Congresso são as falhas de comando e de controlo existentes no nosso país – uma vez que os profissionais no terreno têm dado provas das suas capacidades”.

Os problemas da Proteção Civil em Portugal, a gestão da comunicação em situações de crises e a dicotomia entre a segurança interna e os médios vão ser temas em debate no Congresso Internacional de Proteção Civil e Média, dia 18 de outubro, no auditório dos Serviços Centrais do IPG.

A investigação criminal, a gestão de desastres e a história das catástrofes são outros temas que irão ser tratados nos painéis.

A iniciativa contará com a participação de investigadores de referência a nível mundial, como o espanhol Gabriel Galdón López, professor catedrático jubilado da Universidade de San Pablo CEU, ou Olinda Suárez de Navas, professora da Universidade Grendal, em Miami, na Flórida, que irá fazer uma análise comparativa da proteção civil entre Portugal e os Estados Unidos da América.

Os problemas da Proteção Civil em Portugal são agravados pela dispersão das estruturas, a qual diminui a autonomia e o poder de ação das unidades.

Segundo Pedro Simões, docente do IPG, doutor honoris causa em Proteção Civil e Segurança e organizador da conferência, estas lacunas refletem-se tanto na resposta aos incidentes, como na sua prevenção.

“Em Portugal olha-se para o perigo das catástrofes ‘à posteriori’, quando devia haver uma preocupação ‘à priori’, através do aumento das medidas de prevenção”, afirma Pedro Simões.

Estas preocupações são partilhadas tanto pela Associação de Proteção Civil e Socorro, como pelo Observatório Técnico Independente, o qual referiu no seu relatório da “Avaliação do sistema nacional de proteção civil no âmbito dos incêndios rurais” que o número de estruturas existente em Portugal “é excessivamente complexo”.

Segundo este relatório, “há muitas vezes repetições”, “contradições”, “ineficiências” e “competição entre organismos públicos que teriam por obrigação primeira a cooperação”.

Formação cívica deve começar nas escolas, casas e freguesias

“A oferta formativa do Politécnico da Guarda está especificamente orientada para qualificar e valorizar os profissionais da Proteção Civil: este Congresso e as questões que vão ser levantadas e discutidas inserem-se nesta linha académica”, afirma Joaquim Brigas, presidente do IPG.

“O Politécnico da Guarda vai continuar a dotar profissionais da Proteção Civil com competências para uma atuação mais rápida e eficaz perante crises e catástrofes, pelo que a reflexão sobre a funcionalidade do sistema e as suas entropias é necessária e é urgente, tanto para a segurança do país, como para modelar os conteúdos que são ministrados nos nossos cursos”.

Outros painéis do Congresso vão tratar do investimento na literacia das populações e na sua preparação dos seus comportamentos, quer na prevenção, quer na reação às catástrofes.

“Tem de haver educação para a cidadania nas escolas, desde tenra idade, e o poder local e os média devem mobilizar e preparar os cidadãos para que saibam, pelo menos, reportar as ocorrências”, afirma Pedro Simões.

Para o coordenador deste Congresso, “a proteção civil deve ser entregue a profissionais, mas a prevenção é um trabalho de todos”.

O IPG oferece vários cursos na área da proteção civil. Para além de um curso técnico profissional (CTeSP) em Riscos e Proteção Civil, tem uma pós-graduação em Média e Proteção Civil, em parceria com a Escola Nacional de Bombeiros, e está a desenhar novas formações na área de proteção de pessoas e de bens, as quais incluem proteção civil.

 

 

 

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