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A mais relevante coleção de fotografia subaquática vai estar exposta na terceira edição do Diving Talks

A Underwater Photography Collection Exhibition vai estar exposta na terceira edição do Diving Talks, um evento organizado pela Portugal Dive, que irá ocorrer entre 6 e 8 de outubro no Pavilhão das Galeotas do Museu da Marinha, em Lisboa.

Esta coletânea de imagens é considerada a mais relevante coleção de fotografia subaquática e conta com fotografias capturadas por alguns dos melhores fotógrafos subaquáticos do mundo, reunindo obras de diversos fotógrafos premiados, nomeadamente Brandi Mueller, Ellen Cuylaerts, Natalie Gibb, Nuno Sá (Curador da Coleção), Nuno Vasco Rodrigues, Pete Mesley, Rui Luís e Tom St George.

Aqui são destacadas algumas das mais fantásticas histórias por detrás de algumas capturas.

Nuno Sá – Fotógrafo e Curador da Underwater Photography Collection

Nuno Sá é um reconhecido fotógrafo de vida selvagem subaquática e a sua missão consiste em capturar a deslumbrante beleza dos habitantes do oceano. Com uma paixão profunda pela vida marinha, a sua lente revela os mistérios dos mundos subaquáticos, inspirando esforços de conservação em todo o mundo. As imagens impressionantes do Nuno têm o poder de nos transportar para o coração do mar, promovendo a apreciação e a proteção dos seus frágeis ecossistemas.

“Eu escolhi uma coleção de fotografias em que todas elas foram tiradas em Portugal, apesar de eu já ter fotografado um bocadinho pelo mundo todo, achei que era mais interessante aproveitar esta oportunidade para retratar a biodiversidade marinha que nós temos em Portugal desde a costa continental portuguesa até aos Açores e à Madeira. Escolhendo uma das fotografias, destaco uma fotografia de um cavalo marinho que está exposta e chama-se Fifty Tones of Me. Esta fotografia foi a vencedora do Underwater Photographer of The Year em 2015, que é um concurso bastante prestigiante de fotografia subaquática e escolhi esta fotografia e esse título, porque achei que seria importante dar uma voz e um alerta em relação ao que está a acontecer com as populações de cavalos marinhos no mundo inteiro. O título da imagem é Fifty Tones of Me porque se calcula que cerca de cinquenta toneladas de pequenos cavalos-marinhos sejam retirados dos oceanos todos os anos, tanto para serem usados em aquários como para consumo na China, na medicina tradicional chinesa. Esta fotografia foi tirada na Ria Formosa, no Algarve. Muitas pessoas não sabem, mas o Algarve detém a maior população de qualquer espécie de cavalos-marinhos a nível mundial, ou pelo menos detinha quando foi feito um censo em 2006 por uma investigadora canadiana chamada Janelle Curtis. Acontece que este nosso patrimônio natural, que é um motivo de orgulho para todos os portugueses, termos a maior população do mundo de qualquer espécie de cavalos-marinhos está em risco em Portugal, tal como está em risco um bocadinho à volta de todo o nosso planeta e infelizmente existe também a captura ilegal de cavalos-marinhos na Ria Formosa para serem enviados para a China. Existe uma quantidade muito grande de outros fatores que têm levado a um declínio de 80 a 90% da população de cavalos-marinhos da Ria Formosa na última década e meia, de maneira que destaco esta imagem por ter sido uma fotografia premiada no no Underwater Photographer of The Year, acabou por ter um palco bom para dar a conhecer o que está a acontecer a acontecer com as populações de cavalos-marinhos não só em Portugal, mas em todo o mundo.”

Fotografia Tom St George

Tom St George – Fotógrafo

A imagem que escolhi foi tirada no Cenote Zacil Ha. Eu fazia parte da equipa de documentários do Projeto de Exploração de Mergulho na Caverna de Xunaan Ha. A expedição Xunaan Ha explorou muitos cenotes, cujo nome termina em “ha”. A equipa era composta por seis mergulhadoras, incluindo Ellen Culiat, que é a mergulhadora apresentada na imagem, e a minha parceira, Julia Gugelmeier, que estava responsável pela iluminação na imagem. A Julia está atrás da Ellen com uma poderosa luz de vídeo, a fazer a iluminação traseira na imagem, por isso não a podemos ver, mas ela desempenhou um papel fundamental na imagem. A fotografia de mergulho em cavernas é sempre um esforço coletivo, pois não é algo que eu possa fazer sozinho. Preciso de uma modelo competente, que saiba posar para a luz no lugar certo. Geralmente, trabalho com alguém que faz a iluminação para mim, e muitas vezes eles não são visíveis na imagem. Estão escondidos atrás da modelo ou das formações, mas fornecem a iluminação for a da câmara, o que é essencial em uma caverna subaquática onde não há luz. Tudo depende da luz que trazemos connosco. Portanto, é realmente um esforço de equipe.

Originalmente, eu não planeava que esta imagem fosse a preto e branco, mas estava a entrar em competições de fotografia subaquática e tinha cinco imagens para submeter. Já tinha submetido algumas imagens para a categoria de grande angular e, possivelmente, uma ou duas outras categorias. Havia também uma categoria a preto e branco, e pensei que deveria tentar fazer uma das minhas imagens a preto e branco. Ao analisar as minhas imagens, decidi tornar esta a preto e branco, e funcionou muito bem. Ficou muito melhor em preto e branco, com as texturas e a iluminação dramática. A imagem teve um ótimo desempenho e ganhou a categoria a preto e branco, o que me deixou muito feliz. Ainda é uma das minhas imagens favoritas.

Pete Mesley – Fotógrafo

Quando estou a fazer um mergulho, normalmente concentro-me em capturar apenas uma imagem. Todo o mergulho será dedicado a encontrar o melhor enquadramento. Assim que encontro o enquadramento ideal, começo a trabalhar na forma exata de iluminá-lo.

Esta imagem em particular, no fundo de uma gruta no México, demorou-me mais de 3 horas a capturar. A visibilidade na gruta é cristalina, o que me permitiu iluminar grandes áreas. Configurar a câmara é realmente importante. Terei apenas a minha câmara, uma Nikon D850 dentro de uma caixa Nauticam, montada num tripé compósito feito à medida. Esta será posicionada muito cuidadosamente no fundo para segurar a câmara e impedir que esta se mova. Fazer isto requer uma paciência e controlo imensos. Um único toque descuidado da  barbatana ou uma mão mal colocada podem perturbar o frágil sedimento e destruir a imagem.

Uma vez que a câmara está no lugar, configuro-a para exposições de 20-30 segundos e, depois, no escuro, nado à volta da área iluminando-a. Isto é feito muitas vezes, já que na maioria das vezes é apenas um trabalho de adivinhação quanto ao tempo que mantenho a luz sobre um objeto. Isso muda com a distância a que estou da câmara. É necessário muito trabalho apenas para uma imagem, mas os resultados são extremamente satisfatórios, pois este tipo de imagens não pode ser capturado com apenas uma imagem, uma vez que a área é simplesmente muito grande. Esta imagem final exigiu-me três mergulhos para ficar perfeita.

*Foto de capa: Pete Mesley

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